Governança digital: como e quando inovar

Esses desafios foram discutidos por líderes de TI de diversas empresas no Encontro Cionet nesta terça-feira no espaço Cubo de inovação, em São Paulo
São muitos os desafios enfrentados pelas empresas que abraçaram a transformação digital. O tempo é curto para mudanças, e a inovação não é opcional, mas um modelo de negócio imperativo frente à concorrência. Ser grande e tradicional no mercado não é mais garantia de permanência, movimentando as “placas tectônicas” da transformação, aponta Juliano Tubino, managing director da Accenture Digital. A busca de um modelo de negócio viável em parceria com agentes de mudança, como as startups, foi tema do Encontro Cionet desta terça-feira, no espaço de inovação do Cubo, em São Paulo.
Um dos desafios para as grandes empresas é orquestrar diversos prestadores de microserviços que podem gerar mais valor aos produtos oferecidos ao consumidor. “As grandes empresas devem superar o sentimento de ameaça que vem de pequenos empreendimentos inovadores e somar conhecimento não só com startups, como com universidades e governo, com ganho para as duas pontas”, afirma Paulo Costa, diretor de open innovation da Accenture.
Para muitas companhias, ao invés da parceria com uma startup, a melhor opção é a abertura de uma célula interna de inovação, unindo várias áreas. “Cada empresa tem uma jornada com várias fases, passando pela atenção à concorrência, reação às mudanças e busca de um modelo de negócio que some conhecimentos, unindo experiência e inovação”, diz Costa.
Não existem fórmulas prontas para formar um time com startups. Para Paulo Pripas, diretor geral do Cubo, o primeiro passo é contratá-las como fornecedores e conhecer melhor seu trabalho. “Não confie em empresas que oferecem teste grátis de produtos”, aconselha.
A fundadora da startup Ktalise Tecnologias, Solange Barbosa de Almeida, pontua que a inovação sempre foi fundamental, e não só agora. A novidade é que as soluções não são monopolizadas por uma área, mas envolve toda a empresa, unindo diversos departamentos que buscam um olhar diferente do negócio. “As empresas podem se espelhar os processos das startups para serem mais ágeis na inovação”, reforça.
A geração anterior de CIOs olhava mais o “backoffice” para economia de custos e produtividade. Hoje, se olha para o front office, ou seja, da porta para fora. “Por meio do conceito ‘as a service’, as contratações são menos engessadas e requerem menos Capex”, afirma Tubino, da Accenture Digital.
Eduardo Kondo, CIO da Aché, aponta as dificuldades em escolher parceiros confiáveis que tenham soluções interessantes para a empresa. Uma das alternativas é contratar um curador que faça um filtro de startups ou procurar sistemas inovadores em fornecedores tradicionais que desenvolvem soluções sob medida.
Outro obstáculo à inovação nas grandes empresas é o engessamento dos processos. “Na Aché, uma ideia que partiu dos funcionários para implantar um sistema de eficiência energética usando internet das coisas (IoT) acabou parando no setor de suprimentos que exigia três cotações para dar andamento ao projeto”, diz Kondo. Solange, da Ktalise, também viveu essa experiência. Um novo projeto desenvolvido por sua empresa levou seis meses para ser aprovado pela companhia cliente.
Trazer uma nova empresa, como uma startup, para orbitar na nave mãe é um aprendizado. “Enquanto no dia a dia a empresa investe na eficiência operacional, é necessário que um outro lado trabalhe a inovação, mas sem trazer essa área para o core”, diz Tubino. Para Christiane Edington, membro do conselho da Cionet, é fundamental contar com o apoio da liderança para que essa mudança cultural aconteça.

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